Vinopoly

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Vinho caro é mesmo melhor?

O amigo e entendedor de vinho Flavio Moreira sempre me envia dicas e sugestões de vinho com ótimo custo-beneficio (e o agradeço aqui publicamente), sendo ele adepto à política do low-cost, que obviamente apoio também.

Daí a pergunta fatídica: é uma garrafa cara realmente melhor do que as mais baratas?

Como frequentemente vemos na seção do Bolso Esperto, vinho bom nem sempre é caro, mas vinho caro pode fazer sentido. Como o próprio Flavio afirma, um vinho que supere os R$100 tem o dever de ser bom.

A verdade é que preço e qualidade estão relacionados sim, mas não tanto quanto se possa pensar.
Todos os vinhos têm praticamente quase os mesmos custos básicos e existem apenas algumas variáveis que você pode jogar na mistura, principalmente relacionadas às atividades que não são parte intrínseca do processo de vinificação. Também vale remarcar que nenhum vinho no mundo supera os U$25 de custo para o produtor.

Então, por que alguns vinhos são caros pra caramba?

Existem diversos motivos para os vinhos serem oferecidos a preços variáveis Aqui vamos analisar por cima alguns que fazem a diferença, somente a partir da fase de produção até a venda do vinho, sem levar em conta os impostos (e os impostos sobre os impostos) absurdos e estúpidos que se aplicam no Brasil.

Primeiramente vêm os custos básicos: garrafa, rolha, cápsula, rótulo. Isso já pode variar entre 1 e 3 dólares.

Depois a primeira grande variável: o suco de uva.
Vinho a granel pode ser feito a partir de uvas que custam 200 dólares por tonelada.
Já uva Super-premium pode custar vários milhares de dólares a tonelada. Isso significa que o liquido em sua garrafa pode estar custando de 0,50 dólares para quase US $ 10 a garrafa.

O próximo estágio de preços é realmente uma variável porque nem todo vinho envelhece em carvalho e o processo tem uma variedade de barricas (americana, francesa, nova, usada, 225 litros ou bem mais) e o uso da madeira pode adicionar de 1 a 3 dólares ao preço da sua garrafa.

Então aonde chegamos? Bem, neste ponto da brincadeira a nossa garrafa esta custando entre U$1.50 e U$16.

Mas não terminamos ainda. Temos que levar a nossa garrafa até um ponto de venda! Então entram em jogo importadores, distribuidores, varejistas.
Daí o vinho custado U$1.50 foi pra U$8.00. E o de U$16? Este moleque vai custar no mínimo U$50.
Há salários a pagar (ao contrário da opinião popular, um bom vinho geralmente não se faz sozinho), e despesas a cobrir.

Agora porque este vinho de U$50 chega a ser vendido aqui por R$500 (cerca de 280 dólares)? Pergunte ao governo brasileiro.
Mas, Brasil a parte, com certeza tem um monte de vinhos com preço pelo menos duvidoso. Muitos produtores mesmo não tendo suficiente capital contratam os mais renomados (e caros) consultores para conseguir altas pontuações pela crítica especializada. E o preço do vinho pode ir lá em cima graças a uma nota alta de uma publicação  internacional.

Last but not least, a regra básica do mercado: oferta e demanda.
As melhores vinícolas costumam ter uma produção minúscula dos vinhos ícones e a grande procura pode levar estes rótulos a serem vendidos até em leilões para o melhor ofertante.

Enfim, como vimos, analisar o preço de uma garrafa não é tão simples como adicionar o custo dos ingredientes. E este calculo aqui no Brasil é ainda mais difícil.


4 comentários:

  1. Oi sou do www.alemdovinho.wordpress.com gostei do blog e deste post em especial.

    Vou colocar este blog no meu blog roll

    Um abraço Peter

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  2. Olá Peter,

    Muito obrigado pelos seus elogios, me deixam duplamente feliz vindo de outro blogueiro.
    Visitei seu blog e também gostei. Vou freqüentar e retribuir a cortesia no meu blogroll. Valeu,
    Abraço!

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  3. Prezado Mario;

    Estou de pleno acordo com seu amigo, um vinho de cem reias deveria ser sempre bom. Ainda mais em um país em que poucos ganham muito e muitos ganham pouco. Inclusive foi por isso que eu e meu primo criamos um blog voltado para os low cost, como falou. Inclusive, tive o prazer de fazer parte de uma aula ministrada por você, ano passado, na qual comentei sobre este blog que teve inspiração também no seu blog, o qual sou leitor assíduo.

    Se interessar é www.primusvinho.com

    Um grande abraço

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    Respostas
    1. Caro Pedro,
      Lembro bem de você, fico feliz e lisonjeado com suas palavras e agradeço o carinho.
      Dei uma olhada no seu blog e achei muito bom, parabéns! Vou acompanhar.
      Em breve estarei retomando as minhas palestras e ficaria honrado com sua presença. No caso, é só ficar ligado no MondoVinho.
      Obrigado, grande abraço!

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