Existe muita confusão sobre as denominações de origem italianas: já escutei e li várias afirmações não completamente exatas e quando uma “nova amiga”, sommelier em formação, me perguntou a respeito, resolvi escrever este post para esclarecer um pouco.
As D.O.C. e D.O.C.G. são basicamente denominações geográficas, ou seja, relativas ao território e suas uvas autóctones (típicas), o que então não é diretamente relacionado à qualidade dos vinhos. Mas de qualquer forma se reflete na qualidade, pois a certificação é dada aos vinhos cujas características dependem principalmente das vinhas, e das condições naturais do meio ambiente.
Vamos ver no detalhe:
A legislação para os vinhos D.O.C. define as seguintes especificações:
- As áreas geográficas de produção;
- As castas;
- A tipologia de solo de cultivo;
- O rendimento em produção de uvas (para evitar a sobre-exploração da vinha);
- As tecnologias para a produção e envelhecimento;
- As características do produto acabado (acidez, extrato seco, teor alcoólico, características organolépticas)
- Eventuais qualificações do vinho no momento da comercialização.
Alguns vinhos DOC no rótulo podem levar umas indicações adicionais:
- Indicação de "Classico" para os vinhos produzidos na zona de mais antiga tradição (dentro da área definida pela legislação);
- Indicação de "Riserva" para alguns vinhos submetidos ao envelhecimento maior que o normal (isso muda conforme ao vinho, pois evidentemente o tempo de estágio ideal em madeira para um Brunello di Montalcino não pode ser o mesmo de um Bardolino);
- Indicação de "Superiore" para os vinhos com melhores características (dependendo do andamento do clima da safra)
Estes vinhos devem ser submetidos, em fase de produção, a uma prévia análise químico-física e a um exame organoléptico antes de serem comercializados. A marca D.O.C. foi introduzida nos anos de 1950 pelo Ministério da Agricoltura Italiano e até hoje são 330 os vinhos italianos com esta denominação.
Já a DOCG (onde a G significa “Garantida”) foi introduzida em 1967 e é a máxima qualificação prevista. Ela pode ser dada somente aos vinhos que já tenham obtido a DOC há pelo menos 5 anos e tenham adquirido particular prestigio e valorização nacional e internacional por efeito de incidência de fatores e valores naturais, humanos e históricos.
Estes vinhos, além dos mesmos exames previstos para os DOCs tem que receber uma adicional análise técnica durante a fase do engarrafamento e uma análise sensorial (degustação) antes de serem comercializados.
Até agora somente 68 vinhos italianos podem se vangloriar deste título e trata-se justamente dos vinhos mais representativos cujo legado com a região a que pertencem vai além do consumo do vinho em si, mas está fortemente radicada na tradição, cultura e história local.
O descumprimento de até um detalhe mínimo impede a comercialização sob a marca DOC e DOCG.
Enfim, como estão vendo não é nada mole receber as certificações. Agora, é claro que dentro das especificações é critério do produtor caprichar ou não: dois vinhos da mesma denominação podem ter qualidade diferente, mas é evidente que os padrões mínimos têm que ser respeitados.
Desde agosto de 2009 entrou em vigor a nova legislação européia que engloba as denominações DOC e DOCG na nova certificação D.O.P.: Denominazione di Origine Protetta (protegida), mas por enquanto permite manter as velhas denominações.
No próximo post falaremos das duas denominações que faltam: IGT e Vino da Tavola.