Este veio inesperado. Numa confraternização de final de ano
entre amigos, depois de termos tomado 15 vinhos, o nosso grande anfitrião Pedro
tirou mais uma carta da manga: Almaviva
2007, deixando o pessoal boquiaberto.
Francamente não sei se veio no momento certo, pois depois de
3 Champagnes, um branco, um rosé e 10 tintos de várias procedências e
características, acompanhados por comidas igualmente variadas, talvez o nosso
paladar não estivesse totalmente “sóbrio” para apreciar as nuances de um vinho
desta estirpe e acredito que a nossa capacidade de avaliação naquela altura deve
ter ficado afetada pela alegria alcoólica do nosso banquete vínico. Provavelmente
foi por causa disto que alguns preferiram outros tintos da noite a este, e outros
ficaram indiferentes, mas em minha opinião foi certamente um vinho de outro
nível, primando pela finesse.
O rótulo dispensa qualquer apresentação sendo simplesmente o
mais badalado tinto da América Latina, fruto de uma joint-venture entre as duas
gigantes Concha y Toro e Baron Philippe de Rothschild iniciada
em 1997 para criar um ícone chileno com as características de um Grand Cru de
Bordeaux.
O corte, de inspiração bordalês, tem maior ênfase no terroir
chileno, portanto com predominância de
Cabernet Sauvignon e Carmenere, procedentes de vinhedos de Puente Alto e
Peumo (de onde vem os ícones da CYT Don Melchor e Carmin de Peumo). O estágio de
18 meses em carvalho francês se divide em 10 meses de barricas novas e 8 meses
de barricas de 2° uso.
Embora tenha ainda uns 15 ou mais anos de vida pela frente,
o vinho está já ótimo agora. Extraído na cor e intenso no nariz, entregou
aromas de ameixas, cassis, alcaçuz e ervas. No palato corpo médio, boa acidez,
textura aveludada, e taninos domados. No conjunto, um vinho de muito equilíbrio
e elegância, mas, francamente, não chegou a emocionar. Não sei se minha avaliação
foi também afetada pelas questões acima citadas, mas o achei pouco expressivo:
tudo no lugar certo e em perfeita harmonia, mas não empolgou. Faltou aquele algo
inexplicável que faz pular a minha avaliação de ** a ***, de marcante a memorável.
E ademais considerando o alto preço da garrafa, pois existem outros vinhos
chilenos de igual ou superior qualidade, mas bem mais em conta.
Enfim, um belíssimo vinho, mas ainda longe de ser o Mouton
do Chile.
Vinho:
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Almaviva
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Safra:
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2007
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Produtor:
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Viña Almaviva
(Concha Y Toro & Baron Philippe de Rothschild
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País:
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Chile
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Região:
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Maipo
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Uvas:
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Cabernet
Sauvignon: 64%
Carménère: 28%
Cabernet Franc: 7%
Merlot: 1%
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Alcoól
(Vol.)
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14,5%
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Importadora
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CYT
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Preço
médio
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R$ 800
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Avaliação
internacional
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RP93; WS93
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Avaliação
MV
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** (marcante)
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A nossa garrafa |