Breve resumo da nossa degustação de Merlots do Mundo.
Seria até previsível e auto-celebrativo falar que o evento
foi um sucesso (embora foi), que os participantes adoraram (embora adoraram), que
a seleção dos rótulos ficou ótima
(embora ficou) e de como nós somos bacana (embora somos, ehehe).
Não estamos aqui para puxar sardinha para nossa brasa e sim
para falar do que mais interessa: de vinho. Portanto ao invés de fazer as
clássicas avaliações de sempre, vou dar 9 medalhas simbólicas, nos quesitos em
que cada um dos merlots degustados mais se destacou.
- O mais delicado:
Chacra Mainqué 2009. Embora seus 24 meses de barrica, a
madeira é apenas um sopro, o corpo leve e os taninos doces encantam. (R$120)
- O mais potente:
Bacalhoa Má Partilha 2009. Neste caso os 16 meses em carvalho se sentem, mas não incomodam, tornando o vinho robusto e estruturado.
(R$ 140)
- O mais curinga:
Hartenberg Stellenbosh Merlot 2008. Fica num meio termo
entre os dois acima e pode acompanhar ocasiões (leia-se: pratos) mais ou menos
complexos. Elegante, mas sem perder a força, às cegas ficaria árduo distinguir
se é Velho ou Novo Mundo. (R$ 120)
- O mais elegante:
Vieux Château
Bourgneuf 2006. Parece até banal, mas a uva em seu terroir natural faz a
diferença. E o cuidado da vinícola faz o resto. Um verdadeiro Pomerol de raça. Classudo e sedoso, com seus 8 anos de vida é ainda jovem, diga se de passagem. (R$ 459)
- O mais
surpreendente:
Stambolovo Merlot AOC 2007. Uma delícia. O Pais que foi o
berço do vinho mostrou o porquê. Aroma sedutor, aveludado e macio, com somente
6 meses em madeira revelou muita estrutura e complexidade. (R$ 120)
- O mais frutado:
De Loach Merlot 2012*. Seja porque é o mais jovem do painel,
seja porque é no estilo da Califórnia, o vinho tem boa fruta de sobra, corpo
de médio para leve e um final gostoso (R$ 120)
- O mais austero:
De Martino Legado Merlot Reserva 2009. Num estilo bem
clássico, o vinho deliberadamente não quer encontrar as modas ou ir atrás de
consensos da crítica. A vinícola faz um trabalho honesto em respeito ao
território e as videiras. O resultado é um belo vinho, direto, sem firulas e
com tudo no lugar certo. (R$80)
- O mais gastronômico:
Era dos Ventos Ícone 2009. Posso estar enganado, mas se
tiver que chutar diria que este é o vinho do painel com maior potencial de
guarda. Não por acaso o servimos por último, depois de uma boa decantação. Mesmo
assim estava ainda muito jovem: com seus 5 anos de vida parece ter sido engarrafado
ontem. Embora não mostrou plenamente seu potencial deu para ver que é realmente um
grande vinho que ficou na briga com grandes do mundo. Para quem não tiver
paciência de esperar sugiro acompanhamento de pratos elaborados e gordurosos para amaciar os taninos (R$ 200)
- “O melhor que nos
temos”:
Villa Russiz Graf
de La Tour 2008. A frase que coloque entre aspas é um meu bordão de brincadeira, mas neste caso calhou
bem. Como italiano é claro que sou suspeito, mas não por escolha partidária e
sim pelo fato de ter sido criado com vinhos deste estilo. De qualquer forma o
Graf de la Tour é um vinhaço: reúne todas as características dos vinhos acima
citados e algo indefinido a mais que me faz acelerar o coração.
A maioria dos participantes ficou entre o francês e o
italiano, com boas impressões também do búlgaro e do americano, mas de maneira geral todos os vinhos foram muito apreciados. Em todo caso não
importa qual foi o melhor merlot e sim que foi uma agradável noite de
confirmações e surpresas, de gente fina que nos prestigiou com sua presença.
Aqui fica público o nosso agradecimento e o nosso “arrivederci” ao próximo
encontro.
* Vinho colocado
depois do lançamento do cartaz, pois mesmo atrasado, o Duda Zagari da Confraria
Carioca, fiz questão de ter um vinho dele na nossa degustação. Portanto o
Columbia Crest Grand Estate foi substituído com este vinho do mesmo País e padrão.