Vinopoly

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O Moscatel de Setúbal no mercado brasileiro


A CVR da Península de Setúbal (Portugal), região vitivínicola onde se produz o Moscatel de Setúbal, realizou uma pesquisa sobre os hábitos de consumo deste vinho, no Brasil, para saber qual a imagem, atributos e posicionamento da bebida em relação à concorrência. Executada pela Maria Tereza Monteiro Consultoria e Pesquisa, o método usado foi qualitativo, através da técnica de discussões em grupo.
“Há séculos que alguns brasileiros conhecem e apreciam o Moscatel de Setúbal, nos últimos anos em todas as provas, feiras e demais eventos vinícolas em que o Moscatel de Setúbal marca presença no Brasil, todos os comentários e apreciações feitos por consumidores e profissionais da fileira do vinho são altamente elogiosas e motivadoras para os produtores, permanece para nós um “enigma”: porque é que não exportamos mais Moscatel de Setúbal para o Brasil? Foi para tentar ajudar a decifrar esse enigma que resolvemos investir na realização dessa pesquisa. Os resultados foram altamente positivos, confirmaram intuições que já possuiamos e nos deram pistas sobre o que devemos fazer para melhorar a promoção e o consumo do Moscatel de Setúbal no Brasil” – afirma Henrique Soares, presidente da CVRPS.
O trabalho teve duas etapas. Na primeira parte participaram homens e mulheres, consumidores habituais e esporádicos de vinho Moscatel de Setúbal e de bebidas fortificadas (Porto, Madeira, Vermute, Xerez, etc.), residentes nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Na etapa seguinte, houve a participação de profissionais do mercado – donos de enoteca, lojas, sommeliers e professores de harmonização, nas mesmas cidades.
Foi constatado que o vinho Moscatel de Setúbal é percebido de forma bastante positiva entre os que o conhecem. É amplamente reconhecido como um vinho doce, saboroso, de teor alcoólico mais alto e mais encorpado do que os vinhos de mesa.  Em geral é definido como um vinho de sobremesa, para ser consumido depois das refeições, seja acompanhando a sobremesa ou mesmo como um digestivo. Uma das entrevistadas destacou que bebe como aperitivo. “Eu tomo também como aperitivo. Às vezes estou preparando o almoço e tomo um copinho do Moscatel de Setúbal”.
Na verdade, embora o Moscatel de Setúbal seja maioritariamnete reconhecido como um vinho de sobremesa, as suas ocasiões de consumo são amplas: um Moscatel de Setúbal pode ser apreciado também como aperitivo, como ingrediente principal de cocktails e não apenas em festividades pontuais. Os diferentes tipos de Moscateis de Setúbal (dos mais jovens, aos mais velhos, até ao mais raro, o Moscatel Roxo) permitem consumí-lo em diferentes temperaturas e em diferentes circunstâncias. Encontram-se Moscateis de Setúbal para um consumo diário, assim como mais apropriados a uma situação especial ou celebrativa.
O estudo permitiu concluir que a receptividade ao vinho Moscatel de Setúbal, em todos os grupos pesquisados é bastante positiva. Entre os que nunca tinham experimentado, notou-se uma grande surpresa positiva em relação ao produto.
Conclui-se que o Moscatel de Setúbal tem grande potencial para crescimento no mercado brasileiro, com excelente aceitação de acordo com os grupos analisados. É saboroso, agradável de beber, doce na medida adequada, tem uma cor extremamente atraente e é, segundo o grupo, superior ao Porto, seu principal concorrente. Destacaram ainda que sua D.O.C e a origem Portuguesa chancelam a qualidade do mesmo.
Visão dos profissionais
Nas duas cidades pesquisadas, o Moscatel de Setúbal é definido pelos profissionais das enotecas, lojas, sommeliers, professores e harmonizadores, principalmente, como um vinho de sobremesa ou um vinho doce. A maioria deles conhece a procedência portuguesa, em particular, e em menor escala a sua origem na Região da Península de Setúbal. Os profissionais descreveram a bebida como tendo um paladar acentuado, o sabor intenso, o aroma cítrico, de frutos secos e especiarias, com frescor e alto teor alcoólico. Em relação à cor, dourada ou amarelada disseram: “Lembra Topázio”.
Eles destacaram ainda como marca ser um bom vinho para acompanhar a sobremesa. Outros pontos fortes associados ao Moscatel de Setúbal são: o sabor adocicado, o aroma único e a boa relação custo benefício. No que concerne à harmonização citaram a possibilidade de adaptar-se também com queijos e acompanhar bem uma refeição, mesmo sendo um vinho doce. Além do uso em coquetéis por ter o sabor suave, feito de uva Moscatel de Setúbal e do alto padrão de qualidade. Outra dica interessante é degustar com charutos, pois é um vinho clássico, afirmaram. Além disso, o produto foi sugerido também para acompanhar frutas e, devido à boa acidez, a sugestão é beber gelado.
A maioria dos profissionais disse que ao oferecem a bebida para seus clientes, frequentemente eles aceitam a sugestão. Para eles a maior divulgação da bebida aumentará o consumo no Brasil pelos seguintes fatores: se tratar de um vinho doce; pelas propriedades positivas do produto: suave, frutado, com frescor; ótima qualidade com preço mais acessível favorecendo a experimentação; a possibilidade de consumo como aperitivo, uma vez que o brasileiro tem o hábito de consumir drinks antes das refeições e o fato da bebida ser consumida gelada, aspecto importante para um país de clima tropical.

A CVRPS
A CVRPS tem como principal missão a defesa das DO Setúbal e Palmela e IG Península de Setúbal, bem como a aplicação da respectiva regulamentação, o fomento e controle dos vinhos produzidos nas respectivas áreas geográficas e a garantia da sua origem, genuinidade e qualidade.
Na Península de Setúbal produzem-se três tipos de vinho certificado:
- Vinhos DO Palmela: certifica vinhos: brancos, rosados e tintos, frisantes, espumantes e licorosos. A sua delimitação geográfica engloba os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e a freguesia de Nossa Senhora do Castelo, do concelho de Sesimbra. Corresponde à mesma área de delimitação da DO Setúbal.
- Vinhos DO Setúbal: é aplicável exclusivamente, para vinhos generosos, brancos (à base da casta Moscatel de Setúbal) ou tintos (à base da casta Moscatel Roxo). A sua delimitação geográfica engloba os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e a freguesia de Nossa Senhora do Castelo, do conselho de Sesimbra. Corresponde à mesma área de delimitação da DO Palmela.
- Vinho Regional Península de Setúbal: é aplicável a vinhos brancos, tintos e rosados, frisantes, licorosos e vinho para base de espumantes. De maior dimensão geográfica, inclui todo o distrito de Setúbal. Engloba os conselhos Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines. Outras informações estão acessíveis pelos sites: www.vinhosdapeninsuladesetubal.pt   www.moscateldesetubal.pt

Veja aqui uma degustação que tive o prazer em participar com alguns dos melhores rótulos da Península



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