Vinopoly

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Porque o termo "cru" na Borgonha é para ser levado a sério

Dando continuidade ao discurso sobre a classificação de cru da França, hoje falamos da região onde esta palavra faz mais sentido que em outras:

Borgonha

Os monges viticultores dos mosteiros de Citeaux, Cluny, Bèze e muitos outros, inventaram entre o século VII e XII os “grands crus” Clos de Bèze, Clos de Vougeot, Clos de Tart, etc. implantando vinhedos em áreas mais adequadas para a cultivação da videira. Eles introduziram o conceito de "cru" para definir as melhores parcelas dos vinhedos, e desenharam seus limites, construindo de fato fronteiras com muros, dentro de perímetros que continuam os mesmos até hoje ("clos").

Neste período se definiu a identidade do território (o terroir): os vários vinhedos foram classificados de forma natural, de acordo com a qualidade da terra, e a maioria das denominações permaneceram inalteradas até hoje.

Ficou logo claro que uma faixa intermediária daquelas colinas era o lugar mais privilegiado para a melhor qualidade das uvas, que não conseguem ser tão expressivas em terrenos mais baixos ou mais altos.

Este mix incrível e único de características, tais como solo, altitude, luz e outras peculiaridades daquele micro-terroir, faz que pequenas variações se transformem em grandíssimas diferenças, pois, acredite, a mesma uva dá resultados bem diferentes se colhida apenas a poucos metros de distância.



Por este motivo na Borgonha o cru é realmente o grande protagonista: absolutamente rígido ao longo do tempo, não cresce, não se expande, pode pertencer a vários proprietários ou fragmentado, mas o cru é apenas aquele vinhedo especial que produz grandes vinhos.

A legislação que define produção e delimitação dos vinhedos - portanto também dos crus - da Borgonha foi criada em 1930 e depositada no Tribunal de Dijon, já a instituição que supervisiona a produção é o INAO (Institut National des denominações d'Origine).
 
Quanto aos crus, na Borgonha são 635 premier cru (em 28 municípios diferentes que representam aproximadamente 10% da produção) e 33 grand cru (em 13 municípios diferentes, equivalente a pouco mais de 1% da produção).

Fique ligado, em breve: os crus de Champagne, Alsácia e Rhone.

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